O livro intitulado “A Agenda diplomática 2022 – Testemunho de um novo paradigma de fazer diplomacia” apresenta uma perspectiva histórica da dinâmica diplomática do Ministério das Relações Exteriores em relação aos interesses de Angola na arena internacional.

O livro, com 112 páginas, foi apresentado na sexta-feira com o patrocínio do Mirex. Escrito pelo ministro conselheiro e diretor do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério das Relações Exteriores, António Nascimento, a obra aborda, de forma geral, a agenda de trabalho do ministro das Relações Exteriores, Téte António, de janeiro a dezembro de 2022, bem como sua atuação em diferentes contextos diplomáticos, tanto bilaterais quanto multilaterais, tanto no país como no exterior, muitas vezes como enviado especial do Presidente da República, João Lourenço.

Prefaciado pelo Representante Permanente de Angola junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, Francisco da Cruz, o autor apresenta uma visão abrangente dos princípios, objetivos e prioridades da atividade diplomática angolana, em linha com a crescente influência e importância internacional de Angola. A obra está em constante sintonia com a dinâmica das oportunidades e desafios do mundo atual.

No prefácio, o embaixador Francisco da Cruz ressalta que a sociedade contemporânea está imersa em um mundo cada vez mais globalizado, onde o rápido e profundo avanço das tecnologias de informação e comunicação está alterando a abrangência do paradigma da diplomacia tradicional. Esse paradigma compreende os instrumentos pelos quais os Estados estabelecem e mantêm relações entre si, ampliando o conceito e as formas de intervenção diplomática.

O embaixador permanente na sede da ONU em Nova Iorque destaca o impacto dos meios de comunicação social em seu cotidiano, influenciando as relações políticas e diplomáticas por meio de um sistema de comunicação em redes horizontais interativas. Isso visa ampliar e facilitar a disseminação da informação.

No cenário global, de acordo com Francisco da Cruz, líderes políticos e diplomatas têm recorrido cada vez mais às plataformas dos meios de comunicação para compartilhar ideias, posições e transmitir mensagens de maneira eficaz aos seus homólogos. Isso cria oportunidades para relações mais dinâmicas entre os Estados e para uma cooperação internacional abrangente, com benefícios recíprocos.

O embaixador destaca que o autor busca demonstrar, por meio de reportagens fotográficas e uso de redes sociais, a divulgação de eventos e fatos do departamento ministerial, que incluem também atividades das missões diplomáticas angolanas. Além disso, o autor utiliza as novas tecnologias de informação como um modelo de intervenção e procedimentos de ação diplomática mais alinhados com a dinâmica atual da implementação da política externa de Angola. Isso ocorre especialmente na criação de relações e na gestão de crises.

O livro também proporciona uma visão abrangente dos princípios, objetivos e prioridades da atividade diplomática de Angola, levando em consideração a crescente influência e importância internacional do país, em “consonância com a dinâmica das oportunidades e desafios decorrentes do mundo em que vivemos”.

Diplomacia voltada para a atração de investimentos

O primeiro capítulo do livro aborda o “papel da diplomacia angolana”, com ênfase na atração de investimentos. Nele, destaca-se que o ministro das Relações Exteriores, Téte António, defende a importância contínua de priorizar questões econômicas, com ações voltadas para o investimento estrangeiro, a fim de contribuir para a diversificação da economia nacional. Neste capítulo, Téte António também ressalta a importância de investimentos significativos no setor do turismo e na exploração de novos mercados para a exportação de produtos nacionais, no contexto do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI).

Ficou evidente o desejo de transformar a Zona de Comércio Livre Continental Africana em um verdadeiro espaço de cooperação econômica, com capacidade para facilitar as trocas comerciais entre os países e empresários, buscando assim o desenvolvimento da região.

O livro “A Agenda diplomática 2022 – Testemunho de um novo paradigma de fazer diplomacia” também retrata o momento em que o ministro das Relações Exteriores expressou o desejo de Angola em continuar trabalhando com as agências especializadas das Nações Unidas, buscando uma maior representatividade do continente africano nos principais órgãos internacionais e na resolução dos conflitos que afetam as regiões Austral, Central e dos Grandes Lagos.

Implementação de medidas firmes para desencorajar golpes de Estado

No livro, em um dos capítulos, é relembrada a posição de Angola diante dos crescentes casos de mudanças inconstitucionais de regime no continente africano, que recorrem ao uso da força militar. O livro defende a implementação de medidas mais firmes para desencorajar tais práticas e responsabilizar aqueles que as executam.

O posicionamento foi expresso pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António, durante a 35ª sessão ordinária da Assembleia de Chefes de Estado e de Governo da União Africana. Durante o evento, ele mencionou a recente tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau, reafirmando a solidariedade do governo angolano com as autoridades legítimas desse país.

A visita de Wendy Sherman, secretária de Estado adjunta norte-americana, a Angola em maio do ano passado também é destacada neste livro. O livro ressalta a intenção do governo de privilegiar um novo modelo de cooperação com os Estados Unidos, baseado na promoção do diálogo político sobre questões internacionais fundamentais e na criação de condições objetivas para ampliar e aprofundar as relações bilaterais em diversos domínios de interesse comum.

A visita de Wendy Sherman, acompanhada pela secretária de Estado para os Assuntos Africanos, Molly Catherine Phee, teve como objetivo aprofundar a parceria estratégica entre Angola e os Estados Unidos, especialmente nos campos da segurança regional, prosperidade econômica, governança e direitos humanos. Em uma das páginas, o autor destaca a figura do ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, o primeiro chefe da diplomacia de Angola independente, que faleceu em julho do ano passado na Espanha.