Hoje, em meio a crescentes tensões entre Pequim e Washington, um cidadão dos Estados Unidos de 78 anos foi condenado pela China à prisão perpétua sob acusações de espionagem.

John Shing-Wan Leung, um residente permanente de Hong Kong, foi detido em 15 de abril de 2021 pela agência de contraespionagem chinesa na cidade de Suzhou, localizada no sudeste do país, próximo a Xangai.

Hoje, o tribunal intermediário da cidade divulgou uma breve declaração anunciando a sentença de Leung, sem fornecer detalhes sobre as acusações. Além disso, o tribunal ordenou o confisco dos bens pessoais de Leung, avaliados em 500.000 yuan (66.000 euros).

Os casos relacionados à segurança nacional são julgados em sigilo, com as sessões ocorrendo a portas fechadas, e apenas informações mínimas ou nenhuma são divulgadas ao público.

Nos últimos anos, as relações entre Pequim e Washington têm se deteriorado rapidamente devido a uma escalada na guerra comercial e tecnológica, bem como a divergências em questões de direitos humanos, o status de Hong Kong e Taiwan, e a disputa sobre a soberania no Mar do Sul da China.

Nos últimos meses, as tensões aumentaram devido a incidentes como a queda de um balão chinês em território norte-americano, supostamente utilizado para espionagem, a posição de Pequim em relação à guerra na Ucrânia e a possibilidade de proibição nos Estados Unidos do aplicativo de vídeo TikTok, desenvolvido pela empresa chinesa ByteDance.

A sentença é proferida em um momento em que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está viajando para Hiroshima, no Japão, para participar da cúpula do G7, depois de ter feito uma visita a Papua Nova Guiné. Nesse contexto, a China tem buscado ampliar sua influência militar, diplomática e econômica nessa nação insular do Pacífico.

O tribunal de Suzhou não estabeleceu nenhuma conexão entre o veredicto e as tensões entre China e EUA, e as evidências que sustentam as acusações de espionagem não foram divulgadas. Essa é uma prática comum adotada pela maioria dos países, visando proteger suas redes e acesso à informação.

No entanto, o sistema político autoritário da China e o controle absoluto exercido pelo Partido Comunista sobre questões legais, sociedade civil e liberdade de informação impedem qualquer demanda por mais informações ou recursos judiciais.

Em abril, a China modificou sua Lei de Contraespionagem para incluir o crime de “colaboração com agências de espionagem e seus agentes”.

A Assembleia Popular Nacional, o principal órgão legislativo da China, explicou que a reforma “adere a uma abordagem de resolução de problemas” e “amplia” as categorias de conteúdo que são classificadas como “roubo de segredos de Estado”, tanto em termos de divulgação quanto de acesso.

Nos últimos meses, Pequim iniciou investigações em relação a consultorias estrangeiras atuantes no país, o que tem gerado preocupação tanto no setor quanto entre os investidores estrangeiros.