Esta posição foi transmitida por António Costa aos jornalistas, à entrada para a reunião da Comissão Política do PS, depois de confrontado com o teor de um livro do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa

“A única coisa que eu posso dizer é que, como é sabido, através do Observador, foram proferidas pelo doutor Carlos Costa declarações que são ofensivas da minha honra, do meu bom nome e da minha consideração”, declarou o líder socialista.
O líder do executivo disse que contactou Carlos Costa e o ex-governador do Banco de Portugal “não se retratou nem pediu desculpas”.
“E, portanto, constituí como meu advogado o doutor Manuel Magalhães e Silva, que adoptará os procedimentos adequados contra o doutor Carlos Costa, para defesa do meu bom nome, da minha honra e consideração. É a justiça também a funcionar”, acrescentou.

Isabel dos Santos diz que sempre esteve disponível para “esclarecer as inverdades”

Entretanto, no que diz respeito às contas com a justiça angolana, e ainda segundo a Lusa, Isabel dos Santos afirma ter estado sempre “disponível” para repor a verdade e nunca se ter negado a prestar esclarecimentos às autoridades angolanas.
As declarações da filha do ex-Presidente angolano foram partilhadas nas suas redes sociais, na sequência de uma notícia da agência Lusa em que o Procurador-Geral da Republica (PGR) de Angola disse que a justiça angolana deu “todas as oportunidades” à empresária angolana para que esta relatasse a sua versão dos factos relativamente aos processos judiciais de que é alvo, sem sucesso.
Na quarta-feira, Helder Pitta Gróz disse que a indisponibilidade de Isabel dos Santos para prestar declarações atrasou os processos judiciais, lamentando que a filha de José Eduardo dos Santos se tenha escusado a ser ouvida na condição de arguida.
“Sempre estive disponível e representada pelos meus advogados. Ao contrário da notícia, acredito que é do interesse de todos angolanos e sobretudo do meu de esclarecer as inverdades que existem a meu respeito”, escreveu Isabel dos Santos numa publicação partilhado no Instagram.
A empresária angolana garante que nunca se negou a prestar esclarecimentos e continua “disponível para repor a verdade”. “Acredito em Angola, sempre investi no meu país, criei empresas, empregos e formei pessoas. Eu amo Angola”, escreveu também Isabel dos Santos.
Helder Pitta Gróz, por seu lado, salientou que a empresária se ausentou de Angola há vários anos e que as autoridades angolanas têm emitido várias cartas rogatórias, pedindo a colaboração das entidades judiciais noutros países nos processos relacionados com a empresária que “não foram tendo sucesso”.
Uma das últimas foi solicitada aos Países Baixos, este ano, mas Isabel dos Santos, “escusou-se a colaborar” com as autoridades neerlandesas, a pedido da justiça angolana, disse o Procurador-Geral.
Para Pitta Gróz, esta teria sido uma oportunidade “soberana” para a filha do antigo Presidente angolano se poder defender e contar a sua versão dos factos. “Ela preferiu não o fazer e, portanto, vamos continuar com aquilo que a nossa lei processual penal prevê”, sublinhou.
Isabel dos Santos, que chegou a ser a mulher mais rica de África, é alvo de processos judiciais em vários países, na sequência do escândalo Luanda Leaks.
Em Angola, além do processos-crimes e cíveis foram apreendidos ativos, contas e participações sociais em várias empresas, tendo sido recentemente nacionalizada a quota que detinha na operadora de telecomunicações Unitel.
O mesmo acontece em Portugal, onde Isabel dos Santos tem participações e contas congeladas e tem abertos na justiça, segundo o Observador, 17 processos.
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou em janeiro de 2020 mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que, entretanto, morreu, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.