O produto interno bruto (PIB) de Angola voltou a ultrapassar a barreira dos 100 mil milhões USD no final deste ano, elevando novamente o País na posição de terceira maior economia da África Subsariana, depois de cair para a oitavo lugar em 2021, segundo cálculos do TAP com base nas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

As previsões do FMI foram feitas nas vésperas das reuniões anuais das instituições de Bretton Woods que decorrem em Washington que apontam que no final de 2022 Angola terá um PIB na ordem dos 124,8 mil milhões USD (cerca de 55 biliões Kz, ao câmbio actual).
O top3 das maiores economias da África Subsariana é liderado pela Nigéria com PIB estimado em 504 mil milhões USD, seguido pela África do Sul com 411,5 mil milhões USD e Angola (124,8 mil milhões).
Ao se verificar os dados apontados pela instituição de Washington, no final deste ano Angola volta a ser a terceira maior economia da África Subsariana, posição que atingiu em 2004 quando contabilizou um PIB de 23,6 mil milhões USD e manteve até 2018.
Em 2019 Angola caiu para o quinto lugar com um PIB de 84,6 mil milhões USD, ultrapassada pelo Quénia (que atingiu os 100 mil milhões USD) e pela Etiópia (92,6 mil milhões USD).
Em 2020 o PIB angolano caiu três lugares. Na sequência de um trambolhão do PIB para 55,4 mil milhões USD (confirmados pelo BNA), Angola caiu para o oitavo lugar, superada pelo Gana (70 mil milhões USD), pela Tanzânia (64,4 mil milhões USD) e pela Costa do Marfim (62,4 mil milhões USD).
Para o ano passado (2021) as projecções do FMI apontam que Angola registou um PIB de 75,2 mil milhões USD o que colocaria o País na sexta posição, mas o BNA contabilizou nas suas estatísticas um PIB na ordem dos 67,6 mil milhões USD, o que situou Angola na oitava posição.
Para este ano, a instituição liderada por Kristalina Georgieva coloca o PIB angolano novamente no terceiro lugar do ranking da África Subsariana, ultrapassando o Quénia (114 mil milhões USD), Etiópia (111,2 mil milhões USD), Tanzânia (76,6 mil milhões USD), Gana (76 mil milhões USD) e Costa do Marfim (68,6 mil milhões USD).
O critério de ordenação das maiores economias é o produto interno bruto (PIB) a preços correntes convertido para dólares à taxa de câmbio do mercado.
O empurrão veio do sector petrolífero que tem ajudado as contas nacionais. Segundo o chefe de divisão no Departamento Africano do FMI, Luc Eyraud, a produção petrolífera cresceu acima das expectativas este ano, o que, em conjunto com os preços mais elevados do petróleo, significa menos pressão orçamental, um fortalecimento significativo da balança externa e uma apreciação da taxa de câmbio, que motivou um abrandamento da inflação, que ainda assim continua elevada.
Luc Eyraud aponta que as contínuas reformas estruturais para potenciar o sector não-petrolífero são cruciais para esses esforços, vincando que, ainda assim, o sector petrolífero melhorou este ano mais do que o previsto.
“A economia começou a recuperar em 2021, sustentada pelos preços mais elevados do petróleo e pelo relaxamento das medidas de contenção, para além de uma recuperação do sector não-petrolífero. Para 2022, o crescimento deverá ser mais robusto, apesar de alguns ventos contrários”, perspectivou.
O petróleo que representa mais de 30% da economia angolana e mais de 90% das exportações, apresentando-se como a maior fonte de receita do País. Os ganhos dos primeiros oito meses do ano ultrapassaram as receitas petrolíferas previstas no Orçamento Geral de Estado (OGE) para 2022, onde se previa arrecadar 6,12 biliões Kz até Dezembro.
O FMI prevê este crescimento de 2,9% colocando Angola na posição 123 dos maiores crescimentos, numa lista de 193 países, ou seja, Angola terá o 70º menor crescimento do mundo, que se vai situar abaixo do crescimento médio previsto para a região da África Subsariana.

O que o FMI diz sobre os outros indicadores

Segundo cálculos do TAP, com base nos dados do FMI, Angola terá a 37ª maior taxa de inflação do Mundo numa lista de 193 países, onde o Zimbabué lidera o ranking com a maior inflação do planeta com uma taxa de 547%, enquanto as ilhas Maurícias não vai verificar qualquer aumento dos preços, com uma taxa de 0%.
Em relação ao desemprego, a instituição aponta que África do Sul vai registar a maior taxa do continente e consequentemente do mundo, com 35% da população activa desempregada. Já a Tailândia tem a menor taxa, apenas 1%.
O FMI não aponta qualquer dado sobre o desemprego de Angola. Se considerarmos os últimos dados do segundo trimestre de 2022 do INE – Instituto Nacional De Estatísticas, numa lista de 102 países catalogados, Angola apresenta-se com a 3º maior taxa (30,2%).
A nível populacional, a China tem a maior população do planeta com 1,4 biliões de habitantes, seguido pela Índia e pelos Estados Unidos da América. Angola fica na 37ª posição dos mais populosos.
O gigante asiático também tem o maior PIB corrigido de Paridade de Poder de Compra (PPC), mas a maior economia continua a ser os Estados Unidos da América com um PIB avaliado em 25 biliões USD, seguido pelos asiáticos China (18,3 biliões USD) e Japão (4,3 biliões USD).
Em termos de riqueza (PIB por habitante), o mais rico é o Luxemburgo com uma produção de 127 mil USD por habitante, em seguida está a Irlanda e a Noruega. Do lado oposto, Burundi, Sudão do Sul e Serra Leoa são os mais pobres. Numa lista de 192 países, Angola é o 65º mais pobre. No ano passado o país ocupava a 45ª posição.
A nível das contas públicas, a Noruega tem o melhor saldo orçamental com cerca de 20,3% do PIB e Timor Leste é o país com maior buraco orçamental do mundo com um défice público de 41,5% do PIB. Neste quesito, Angola ocupa a posição 15, numa lista de 190 países escrutinados pelo FMI.
Quanto aos mais endividados, com dívida pública bruta de 264% sobre PIB, o Japão é o país que mais se endivida, enquanto o outro asiático Macau não possui qualquer dívida. Angola está no 87º lugar no ranking dos mais endividados, entre 186 países.