A economia angolana cresceu 3,2% nos primeiros seis meses deste ano face ao mesmo período de 2021, tratando-se do melhor semestre desde 2015, ano que assinala o último crescimento do PIB nacional antes das cinco recessões consecutivas verificadas entre 2016 e 2020, de acordo com cálculos do TAP a partir das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgadas esta semana.

Olhando para os primeiros seis meses do ano, naquilo que o INE identifica como “variação acumulada ao longo do ano”, verificou-se um crescimento de 2,2% do PIB do sector da extracção e refinação de petróleo (segundo crescimento trimestral consecutivo) face aos primeiros seis meses de 2021, o que acabou por influenciar o crescimento, pois este sector vale 29% do PIB angolano.
Mas também os sectores da diversificação económica registaram um crescimento favorável, como a agro-pecuária e silvicultura que vale 7% do PIB (cresceu 3,3%), a indústria transformadora (2,6%), da construção (6,0%) ou dos transportes e armazenagem (32,0%). Ainda assim, aquele que é o segundo sector que mais contribui para o PIB, o comércio, caiu 1,2% nos primeiros seis meses do ano, o mesmo acontecendo com os correios e telecomunicações (-6,3%) e a intermediação financeira e de seguros, que afundou 27,9% (ver gráfico).
O INE não justifica estas variações em termos semestrais, que resultam de contas do TAP, mas fá-lo em termos trimestrais homólogos. Em relação ao II trimestre de 2021, entre Abril e Junho deste ano o sector do petróleo cresceu 2,2%, sustentado, em parte, por um aumento de 23,82% nos refinados, comparativamente ao planeado. Já o sector dos diamantes cresceu 40,3% face ao II trimestre de 2021, com o INE a justificar este “crescimento exponencial” com a “incorporação de quilates provenientes da produção semi-industrial e o aumento da produção das diversas concessões, devido às condições climáticas favoráveis”.
A empurrar a economia angolana para cima esteve também a agro-pecuária e Silvicultura, que cresceu 3,5% devido “ao aumento da produção das culturas agrícolas, bem como a pecuária”. A indústria transformadora cresceu 2,7% devido, sobretudo, à industria alimentar, particularmente na actividade das moageiras, massas e produtos de padaria, bem como da produção de bebidas e tabacos, e da fabricação de produtos não metálicos. Estas três indústrias representam mais de 70% do sector.
Já a construção cresceu 6,2% no período em análise, devido “ao ligeiro aumento de materiais de construção de origem nacional e importada”. A electricidade cresceu 2,2%, enquanto os transportes dispararam 33,6%, devido ao “aumento de frequências de novos autocarros e carruagens em funcionamento”. Ainda a atirar a economia para cima esteve o Valor Acrescentado Bruto do Governo, que cresceu 3,4% face ao II trimestre de 2021, justificado pelo “facto do sector público incrementar o valor da remuneração declarada face ao período homólogo, bem como as actualizações, promoções faseadas das distintas categorias e ingresso de novos funcionários em alguns aparelhos do Estado”.
O sector imobiliário também subiu 3,0%, enquanto os outros serviços cresceram 3,2% “pelo facto de registar-se um aumento da actividade de serviço da hotelaria e restauração e outros serviços prestados às empresas”.