A figura de Agostinho Neto, Fundador da Nação angolana, foi destacada, este sábado, pelo papel decisivo na luta pela Independência Nacional e libertação do povo do jugo colonial português, que levou à criação do Estado.

Numa declaração ao corpo diplomático e comunidade angolana no Egipto, alusiva ao centenário de Neto, que sábado se assinalou, o embaixador de Angola neste país, Nelson Cosme, destacou a necessidade da preservação da memória do Poeta Maior, uma figura histórica e decisiva do país, que deve ser lembrada em todos os momentos, para que a actual e gerações vindouras encontrem, na sua coragem, dedicação, sapiência e amor à pátria, um modelo de inspiração.
Na declaração, o diplomata sublinhou que recordar Agostinho Neto representa, nos dias de hoje, o reforço de acções para a contínua ampliação, divulgação e preservação do seu legado, tendo em conta o papel que exerceu para a valorização e reconhecimento da cultura e dignidade do povo, bem como o contributo prestado à elevação do nome de Angola no quadrante mundial.
“A memória de António Agostinho Neto, poeta universal, pan-africanista convicto, deve ser recordada com espiritualidade e altivez, não apenas pelas acções que desencadeou na arena política, intelectual e cultural, mas também pelos valores humanos, de liberdade e justiça que sempre transmitiu”, realçou o embaixador Nelson Cosme, na declaração.
Considera que os angolanos devem se orgulhar e ter o prazer de colocar o Presidente Neto entre as figuras incontornáveis do país e do continente africano. “Ele constitui para o povo símbolo da unidade nacional. Neto não foi apenas o mentor da proclamação da Independência Nacional, mas aquele que lutou pelo bem-estar da população angolana e africana”, sublinha.
A vida e obra, segundo afirmou, devem continuar a ser estudadas para que as próximas gerações tenham noção da grandiosidade da figura de Neto, no antes e durante a luta pela liberdade, bem como para a independência e afirmação do país no concerto das Nações, um desafio que deve contar, particularmente, com a participação da Igreja.
“Foi na Igreja Metodista Unida onde António Agostinho Neto professou a sua crença divina, pelo que a Igreja deve continuar a transmissão e preservação dos valores do seu legado”, sublinha, enfatizando que a sua “inquestionável” dimensão religiosa e humana, pode ser encontrada no seu berço, na sua educação metodista, e nas suas qualidades de uma pessoa com um sentido de humildade e solidariedade.
“Neto foi um dos Chefes de Estado africanos que não poupou forças para desenhar o futuro dos cidadãos da Pátria, assim como de outros pontos do continente-berço da humanidade”, realçou.

Inspiração para a juventude

O embaixador de Angola no Egipto, Nelson Cosme, considerou que Agostinho Neto, o poeta universal, é uma figura cujo brioso legado inspira a juventude angolana e a de muitos países africanos, a julgar pela preocupação que tinha com o futuro das novas gerações.
“Um pouco por toda Angola, existem sinais claros de jovens que entram para o mundo da literatura e demais artes culturais, elegendo como modelo, nas suas obras, o Presidente Agostinho Neto”, afirma o diplomata angolano, numa declaração ao corpo diplomático e comunidade angolana no Egipto, alusiva ao centenário de Neto, que ontem se assinalou.
Na declaração, é realçada a necessidade da promoção do papel e a importância que Agostinho Neto teve, não só para Angola, mas também para o mundo, devido à visão humanista, consubstanciada na forma como conduziu a Luta de Libertação Nacional e a influência que teve para a emancipação da África Austral, assumindo-se como um líder de inquestionável mérito e visionário pan-africanista.
A este propósito, o embaixador Nelson Cosme fez referência ao reconhecimento de Neto por diferentes visões do mundo académico e científico lusófono e não só, que abriram espaços para ensino e investigação da vida e pensamento do Fundador da Nação angolana.
Apontou, a título de exemplo, o reconhecimento de conhecidos especialistas de investigação do percurso de Agostinho Neto, entre os quais Abreu Paxe (Angola), Nelson Cerqueira (Brasil), Óscar Oramas Oliva, Noemi Benitez e René Gonçalves (Cuba), Ana Maria Martinho, Pires Laranjeira (Portugal), Luigia de Crescenzo (Itália), Nazir Ahmed Can (Espanha), entre outros.
Por outro lado, falou da grandeza poética de Neto, afirmando que nas mensagens são, igualmente, encontradas a dimensão humanista e política, convicções e motivações de um lutador incansável pela liberdade e promotor dos valores vitais da honra e dignidade humana, importantes fundamentos para se compreender, em profundidade, o Guia Imortal da Revolução angolana.
Disse que, tendo em conta a dimensão literária, é fundamental tratar da inserção da vida e obra de Agostinho Neto no sistema de ensino e aprendizagem, para que o seu legado possa ser transmitido de geração para geração. Realçou o desempenho de Neto na libertação da Região Austral do continente “berço da Humanidade”, a solidariedade para com os povos oprimidos, presentes no pensamento nacional.
Fez ainda referência a outros elementos da trajectória de Agostinho Neto, enquanto médico, nacionalista e pan-africanista convicto, membro-fundador do Centro de Estudos Africanos, ao lado de Gamal Abdel Nasser, Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade, Marcelino dos Santos e Francisco José Tenreiro, além da sua participação na Conferência constitutiva da então Organização de Unidade Africana (OUA), actualmente União Africana (UA), em Brazzaville.
Lembrou que Agostinho Neto é uma figura na qual todo o angolano deve se rever, independente da sua região, origem étnica, crença religiosa ou opção política, cuja dimensão política, diplomática, humanista e poética, devem transformar a celebração do seu centenário em actos de cidadania, de acções que privilegiam o amor ao próximo.
Nascido em Kaxicane, a 17 de Setembro de 1922, António Agostinho Neto faleceu a 10 de Setembro de 1979, em Moscovo, então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), após ter sido submetido a uma cirurgia.

Homem de grande dimensão

Na Turquia, a Embaixada de Angola reuniu sexta-feira, em Ankara, diplomatas da CPLP, entidades locais, académicos e estudantes, para falar sobre a figura do Fundador da Nação angolana, considerado “homem de grande dimensão”.
Na breve intervenção, o embaixador José Patrício apresentou as qualidades de Agostinho Neto, como homem de grande dimensão, que soube transmitir valores humanistas e de patriotismo aos angolanos, tendo contribuído para a luta anti-colonial para a libertação de Angola e de outros países africanos.
A ocasião serviu, igualmente, para a exibição do vídeo institucional produzido para as celebrações do centenário e inaugurou-se a exposição “Neto na primeira pessoa”, guiada pelo embaixador, além da degustação dos quitutes de Angola.
O momento permitiu maior interacção entre os convidados noite adentro, tendo a Embaixada manifestado disponibilidade em colaborar com as instituições de ensino na divulgação de conteúdos da História angolana e lançado o repto para a criação de um Centro de Estudos Africanos, levando a conhecer melhor a história do continente.