A CASA-CE, até aqui o 3º maior grupo parlamentar na Assembleia Nacional, não elege qualquer deputado.

Com todos os votos contados, o porta-voz da CNE explicou que estes resultados foram apurados a partir de 97, 3 por centro das mesas de voto fechadas, sublinhando que a margem é suficiente para que esta seja a última sessão de resultados provisórios porque não haverá alterações substanciais aos resultados finais.
Assim, apesar de poder haver ligeiras alterações, porque ainda faltam 2,7% das mesas de voto por apurar, o MPLA fica com 51,07 por cento dos votos, com 124 deputados eleitos, a UNITA, com 44,05 por cento, com 90 deputados eleitos, o PRS, 1,13, com dois deputados, FNLA 1,05%, com dois deputados, o PHA, 1,01%, com dois deputados.
Em votos, este resultado confere com pouco mais de 3,162 milhões de votos no MPLA e 2,727 milhões no partido do “Galo Negro”, conseguidos entre os mais de 14 milhões de eleitores capacitados para votar.
A CASA-CE não elege qualquer deputado nestas que foram as mais renhidas eleições da história da democracia angolana.
A abstenção passou ligeiramente os 54%.
Comparativamente a 2017, o MPLA perdeu um milhão de votos enquanto a UNITA acrescentou um milhão aos resultados de há cinco anos.
Lucas Quilundo, na terceira e última actualização da contagem nacional da votação de quarta-feira para divulgação dos resultados provisórios – os definitivos deverão ser conhecidos dentro de uma semana -, disse, ainda antes do anúncio dos resultados, que não vai responder a quaisquer perguntas dos jornalistas.
Explicou ainda que a escassa interacção com os jornalistas ao longo do dia aconteceu porque isso quebraria o acordo definido previamente.
Informou igualmente que também agora não haverá lugar a perguntas por parte das dezenas de jornalistas nacionais e estrangeiros presentes na sala do Centro de Imprensa Aníbal de Melo porque à CNE “compete anunciar os resultados e não comentá-los”, justificou.
Este resultado consubstancia um crescimento muito robusto das UNITA face aos resultados de 2017, o que compreende uma derrocada eleitoral do MPLA, apesar de o partido que governa Angola desde 1975 manter a maioria absoluta.
Com esta maioria absoluta, o partido mantém o poder de aprovar legislação sem precisar da oposição, mas perde a maioria qualificada que manteve até aqui, o que lhe permitiria proceder a alterações à Constituição contando apenas com o seu grupo parlamentar.
Todavia, com 124 deputados, em 220, o MPLA vê a oposição crescer largamente no hemiciclo, que passa a contar com 96 eleitos, sendo 90 do partido do “Galo Negro”, e seis repartidos igualmente pelo PRS, pela FNLA e pelo Partido Humanista de Angola, que entra pela primeira vez no Parlamento, embora – o PHA foi criado recentemente -, da única mulher, Bela Malaquias, a encabeçar uma lista de candidatos nestas históricas eleições em Angola, as 5ªs da sua história e as 4ªs depois da guerra ter acabado, em 2002.

Reacções

Sobre este resultado, quando o MPLA ainda tinha a CNE a atribuir-lhe pouco mais de 52 por cento, antes dos r4esultados definitivos serem conhecidos, veio dizer que a maioria absoluta é um resultado “suficiente para governar”.
Rui Falcão, secretário para a informação do Bureau Político do MPLA, disse aos jornalistas que uma maioria absoluta permite “governar tranquilamente” nos próximos cinco anos.
Já depois de conhecidos os resultados definitivos, Falcão disse que espera agora que a UNITA insista na questão da fraude porque já é um hábito, mas o MPLA vai manter o rumo e a governação, depois de analisar ponderadamente estes resultados, que têm como nota mais negativa para os “camaradas” a derrocada em Luanda, a maior e mais importante praça eleitoral, política, económica e social de Angola.
A UNITA, que antes deste “encerramento” da contagem para divulgação prévia da CNE, manifestou estar convencida de uma vitória no todo nacional, deverá agora reagir, esperando-se que tal suceda a qualquer mometo.