O presidente do MPLA anunciou um “plano ambicioso” para fazer chegar a energia eléctrica à província de Cabinda, a partir da rede nacional na vila petrolífera do Soyo, permitindo que a região mais ao Norte do país deixe de utilizar fontes térmicas.

“Não me perguntem como é que esta energia vai chegar a Cabinda, se por terra, ar ou mar. Mas a garantia que vos dou é que a energia a partir do Soyo chegará até Cabinda”, declarou João Lourenço, durante o acto político de massas, no Distrito de Camama, que marcou o encerramento da campanha do MPLA, no quadro das Eleições Gerais, da próxima quarta-feira.
João Lourenço lembrou, a propósito, que o país já produz “bastante” energia eléctrica, e este resultado já permite juntar o sistema Norte ao Centro, o que tornará possível interligar, em breve, o Sistema Centro e ao Sul e Leste do país.
No próximo mandato, a energia hidroeléctrica produzida na Bacia do Rio Kw-anza, pelas diferentes barragens edificadas, chegará aos quatro cantos do país, prometeu João Lourenço, ao longo do discurso, bastante aplaudido pelos militantes, simpatizantes e amigos do partido.
Entre os “muitos” investimentos efectuados nos sistemas de produção e abastecimento de água potável, o líder do MPLA destacou os do Bita e Quilonga, ambos projectados para a cidade de Luanda, onde habitam perto de dez milhões de pessoas.
Informou que o Bita produzirá para 2,5 milhões de novos consumidores, enquanto o Quilonga, cujas obras iniciam no princípio do próximo mandato, produzirá água potável para cinco milhões de habitantes da capital do país.

Seca no Sul e Centro do país

Para contrapor o cepticismo de alguns cidadãos quanto à resolução do problema da estiagem no Centro e Sul do país, João Lourenço lembrou que o Executivo construiu, em dois anos, o Canal de Cafu, com 165 quilómetros, que já beneficia as populações e o gado na província do Cunene. O projecto, acrescentou o político, também vai permitir a promoção das actividades agrícolas na região.
João Lourenço disse que, a par do Canal de Cafu, o Executivo iniciou a construção de mais dois projectos idênticos, que dentro de dois anos serão colocados ao serviço das populações do Curoca, Cahama e demais localidades do Cunene afectadas pela seca.
Para a resolução do problema da estiagem nas províncias da Huíla e Namibe, João Lourenço recordou que foram realizados estudos e mobilizados recursos financeiros para se proceder ao início da construção de barragens de retenção de águas.
Explicou que na província da Huíla serão edificadas as barragens da Arimba e dos Gambos, bem como reabilitada a barragem da Ma-tala, enquanto no Namibe serão edificadas seis “grandes” barragens de retenção, para estancar a perda de água proveniente da planície da Huíla para o mar.
As barragens a serem edificadas na Huíla e Namibe vão garantir o abeberamento de milhares de cabeças de gado, que são a principal riqueza das populações das duas regiões.

Recursos minerais

O presidente do MPLA voltou a reafirmar o facto de o país possuir inúmeros recursos minerais e, no entanto, não obter ganhos suficientes com a sua exploração. Citou como exemplo o caso do petróleo bruto que é exportado, na sua totalidade, e apenas uma parte insignificante era aproveitada na “velha” refinaria de Luanda.
João Lourenço considerou ainda absurdo o facto de Angola possuir petróleo em abundância e não contar com refinarias à altura, quando existem países que mesmo sem explorar “ouro negro”, contam com duas ou mais indústrias de refinação. Assim, anunciou, para o próximo ano, a conclusão da refinaria de Cabinda, com capacidade para produzir 60 mil barris/dia, e a do Soyo, para refinar 100 mil barris de crude. Ambos empreendimentos económicos são investimentos privados.
Com o funcionamento, em pleno, das refinarias de Cabinda, Soyo, Luanda e Lobito (capacidade de 200 mil barris/dia), Angola deixará de vender petróleo em bruto, passando a exportar gasolina, diesel e outros produtos refinados, garantiu João Lourenço.
“Com todos esses investimentos no sector petrolífero chegaremos ao momento de corte, em que não vamos precisar de importar um litro sequer de gasóleo e gasolina. Vamos consumir o que produzirmos internamente”, afirmou João Lourenço, para quem a falta de transparência que existia na política de extracção e comercialização de diamantes fez com que algumas multinacionais, como a sul-africana De Beers, abandonassem o país.
Para corrigir a prática, Angola foi admitida na “Iniciativa da Transparência das Indústrias Extractivas”. João Lourenço recordou, entretanto, que a transparência na extracção e comercialização de minerais é extensiva a todos os mineiros do país.
Ainda no sector dos diamantes, João Lourenço recordou o investimento feito com a criação do Pólo de Desenvolvimento dos Diamantes, na cidade de Saurimo, Lunda-Sul, que já atraiu vários investidores nacionais e estrangeiros, que gerem fábricas de avaliação e lapidação, empregando muitos jovens provenientes de todas as regiões do país.

Saúde e Educação

João Lourenço garantiu prosseguir investimentos nos sectores da Saúde, Educação, Infra-estruturas desportivas e rodoviárias, bem como habitacionais. Lembrou os investimentos realizados, nos últimos cinco anos, no sector da Saúde, com a construção de unidades de nível primário, secundário e terciário nos municípios, comunas e demais localidades, na intenção de levar os serviços sociais junto das comunidades.
O presidente do MPLA reafirmou a intenção da construção, em três anos, de um Hospital Universitário de raiz, bem como de um novo Hospital Militar Central, cujas obras iniciam em breve, como forma de dignificar os militares que muito deram para o estabelecimento da paz e reconciliação nacional.
Entre os grandes empreendimentos hospitalares edificados, nos últimos anos, em Luanda, João Lourenço apontou a construção do Hospital Dom Alexandre do Nascimento, que já realiza grandes cirurgias ao coração, pulmão e à coluna. Reafirmou a ideia da construção, de raiz, de um “verdadeiro” Hospital de Oncologia, salientando que os serviços na actual unidade já não correspondem à demanda. Ademais, acrescentou, o país continua a registar muitos casos de doentes do foro oncológico, que, actualmente, são enviados para o exterior em tratamento.
O líder do MPLA disse que o Executivo trabalha com a Agência Internacional de Energia Atómica, para dar “formação adequada” aos médicos e técnicos neste domínio específico do sector da Saúde. “O Executivo já tem recursos mobilizados para tão cedo dar início às obras do hospital”, confirmou.
No domínio dos desportos, João Lourenço disse que o Executivo está preocupado em criar as “melhores condições” para a prática de actividades desportivas. “Garantir boa saúde para os cidadãos não passa apenas pela construção de hospitais e garantir boa alimentação para a população”, enfatizou João Lourenço, advertindo que sem a prática do desporto “vamos dar muito mais trabalho aos médicos e enfermeiros” .
Ao aceitar pedalar, recentemente, na Marginal de Luanda, João Lourenço disse que o gesto serviu, tão-somente, para chamar a atenção dos jovens da necessidade da prática de actividades desportistas. O líder do MPLA anunciou, também, a decisão do Executivo construir estádios de futebol nas cidades do Huambo e Uíge, bem como de pavilhões gimnodesportivos em várias localidades do país.
Recordou que Angola é campeã em algumas modalidades do desporto paralímpico, através do qual alguns atletas têm conquistado medalhas para o país. Sublinhou, por isso, a decisão da construção, na cidade de Caxito, capital do Bengo, de um complexo desportivo para a prática do desporto paralímpico, cuja obra já teve início.
O candidato do MPLA, João Lourenço, disse que, por uma questão de justiça, o referido empreendimento social terá o nome do “grande herói” do desporto paralímpico angolano, José Sayovo.