O deputado do MPLA, João Pinto, disse ao The Angola Post que a desconfiança da UNITA “só pode ser sobre os seus delegados de listas, pois, o apuramento que atribui mandato aos deputados só se faz no centro de escrutínio nacional”.

“O voto é um exercício de cidadania que exige de todos o civismo, respeitando a moral, bons costumes e a Lei. Não é a primeira vez que se realizam eleições em Angola, é a quinta vez, por isso, essa tese atenta contra a segurança dos eleitores e agentes da CNE”, referiu.
“A Lei é clara, o voto deve ser realizado depois dos procedimentos da mesa, cabendo ao eleitor secretamente votar no partido do seu coração. Depois retira-se e vai para casa descansar, esperando que a CNE divulgue os resultados provisórios à medida que as mesas forem enviando as actas síntese depois do apuramento parcial”, acrescentou.
Na sua opinião, permanecer nas assembleias de voto “é um acto de desobediência e visa atingir um objectivo de caos ou desordem em caso de desobediência às forças da ordem”.
“A oposição não pode orientar os seus militantes a sentarem-se a 500 metros por expor ou até violar o princípio do secretismo do voto”, afirmou, questionando: “Esta orientação dos militantes da UNITA para permanecerem a 500 metros seria uma espécie de manifestação de apoio sem resultados ou obtenção de resultados da mesa sem base legal”?
O presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, é da mesma opinião, considerando que este apelo pode criar instabilidade.
“Tenho estado a reiterar isso sempre nos meus comícios. Nós, na CASA-CE, não concordamos com o “votou, sentou”. Os cidadãos devem votar e ir para casa”, afirmou.
Também o presidente do PRS, Benedito Daniel, diz que a presença dos eleitores nas mesas de voto, após exercerem o seu direito, pode criar confusão.
“Os partidos políticos e coligação de partidos terão delegados de lista que deverão exercer a função fiscalizadora”, referiu o presidente do PRS, salientando que os partidos concorrentes às eleições devem ser os primeiros a promover a paz e a estabilidade social através da promoção do respeito a lei.
O presidente da APN, Quintino Moreira, também é da mesma opinião, argumentando que esta actividade é da responsabilidade dos delegados de lista que vão fiscalizar.
“Penso que todos os partidos terão os seus representantes nas assembleias de voto. Agora permanecerem próximo das assembleias, isso pode criar transtornos”, referiu.
O líder do P-NJANGO, Dinho Chingunji, disse que os partidos políticos concorrentes às eleições devem respeitar as leis para que o processo decorra sem sobressaltos.
Ao The Angola Post, o jurista Salvador Freire dos Santos, afirmou que o apelo da UNITA tem a ver com a desconfiança sobre o modo como foi desenhado o sistema e os métodos para as próximas eleições.
“Quase todos vivemos numa cultura de desconfiança. As pessoas não confiam tanto nas instituições, nas informações que recebem e até nos demais, por causa do fenómeno corrupção”, disse o jurista.
“A corrupção tomou conta de nós até nas instituições de soberania. É verdade que os angolanos, no seu grosso, estão cada vez mais desconfiados, fundamentalmente com a CNE, porque naquelas instituições que deviam ser confiáveis, tudo pode acontecer, por causa dos interesses partidários”, acrescentou.
Estão autorizados a concorrer às eleições gerais de 24 de Agosto os partidos MPLA, UNITA, PRS, FNLA, APN, PHA e P-NJANGO e a coligação CASA-CE.Do total de 14,399 milhões de eleitores esperados nas urnas, 22.560 são da diáspora, distribuídos por 25 cidades de 12 países de África, Europa e América.
A votação no exterior terá lugar em países como a África do Sul (Pretória, Cidade do Cabo e Joanesburgo), a Namíbia (Windhoek, Oshakati e Rundu) e a República Democrática do Congo (Kinshasa, Lubumbashi e Matadi).
Ainda no continente africano, poderão votar os angolanos residentes no Congo (Brazzaville, Dolisie e Ponta Negra) e na Zâmbia (Lusaka, Mongu, Solwezi).
A Comissão Nacional Eleitoral criou 13.238 assembleias de voto, constituídas por 26.443 mesas, no território nacional, enquanto que para a votação dos eleitores inscritos no estrangeiro foram criadas 26 assembleias de voto com 45 mesas de voto. Para este total de mesas de voto foram recrutados 105.952 membros