O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, acaba de anunciar uma Cimeira EUA-África, em Washington, para Dezembro, com temas diversos em destaque, entre eles a segurança alimentar e as alterações climáticas.


Sendo o objectivo final demonstrar o empenhamento da sua Administração para com o desenvolvimento do continente africano, mas oficiosamente, pelo menos, dificilmente a questão da guerra na Ucrânia e as suas consequências e o avanço da China no continente nas últimas décadas, estarão fora das conversas… nem que seja nas conversas de corredor.
“Esta Cimeira vai demonstrar o empenho duradouro dos EUA com África e vai sublinhar a importância das relações entre o continente africano e os Estados Unidos e a cooperação entre ambos para as prioridades globais”, disse Biden num depoimento citado pela Al Jazeera.
Esta iniciativa de Joe Biden, que se admitir estar para acontecer mas sem que fosse conhecida qualquer data, mesmo uma aproximação, tem como pano de fundo um vasto leque de questões em cima da mesa, desde logo a questão da insegurança alimentar gerada no continente pela guerra na Ucrânia, mas também a relutância da maior parte dos 54 Estados africanos em apoiar o esforço dos EUA contra a Rússia no conflito do leste europeu.
Isso ficou claro quando, logo após a invasão, a 24 de Fevereiro, em duas Assembleias Gerais da ONU, onde os EUA procuravam condenar a Rússia, um largo número de países do continente recusaram votar as moções, optando, ainda assim, pela abstenção, o que, no caso, resultou como um entrave a um isolamento generalizado de Moscovo perante o mundo.
Em cima da mesa estará, seguramente, a questão do avanço da China no continente, do qual os EUA têm sido afastados mais e mais, apesar de nos últimos anos, exceptuando o mandato de Donald Trump, Washington procure retomar a iniciativa através da reafirmação dos valores ocidentais da democracia e do Estado de Direito, face à estratégia da China, que ignora as questões políticas focando-se na economia e no investimento em inra-estruturas.
Apesar deste contexto, Biden não fez qualquer referência a esta situação, mantendo a tónica em temas substantivos mas fora do quadro do conflito na Ucrânia, como a questão das alterações climáticas, que têm em África palco preponderante e de mais rápido impacto.
Numa declaração sob anonimato à Reuters, um oficial norte-americano confidenciou que esta Cimeira não vai ser palco para Biden pedir aos lideres africamos que escolham entre os EUA e a China, mas para demonstrar que África tem mais a ganhar com os EUA e que os UA oferecem um melhor modelo”. “Está fora de questão pedir aos parceiros africanos que façam uma escolha”.
A data prevista para esta Cimeira é entre 13 e 15 de Dezembro, embora não seja ainda oficial.