O volume e reservas dos campos marginais angolanos, declarados, são estimados em quatro mil milhões de barris de petróleo, de acordo com o presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), Paulino Jerónimo.

Essa quantidade significa que há muita coisa a ser desenvolvida, que permite a estabilização da produção de crude de Angola, comentou Paulino Jerónimo, sem, contudo, avançar metas e prazos.

Falando no painel de alto nível do oitavo Congresso e Exposição de Petróleo Africano (CAPE VIII), aberto segunda-feira, o PCA da ANPG referiu que o desafio para esta legislatura é impulsionar e intensificar a substituição de reservas, com vista a atenuar o acentuado declínio da produção. “É o que, de facto, estamos a fazer”, disse Paulino Jerónimo.

Angola tem cerca de 820 mil quilómetros quadrados de bacia sedimentar, que carece de uma estratégia de exploração, de modo a avaliar toda a extensão da mesma. Com base nisso, foi aprovada uma estratégia de atribuição de concessões, que perspectiva a entrega de quase de 50 campos, entre 2019 e 2025.

Até à data, já foram atribuídas cerca de 25 concessões em apenas três anos, desde que foi criada a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis, que já actua na terceira licitação. Em 2023, a ANPG assegura entrar na quarta licitação, um aspecto que não acontecia há muito, de acordo com Paulino Jerónimo.

“A estratégia de licitação, além de olhar para o offshore, nas águas profundas e razas, e o onshore também está a olhar para as bacias do interior, com cerca de 520 quilómetros quadrados de bacias sedimentares, em que já reconhecemos a existência de asfalto na superfície”, confirmou.

 Aposta no gás

Outra oposta de Angola está direccionada ao gás, que até um passado recente era pertença do Estado e não cedia direitos de exploração. Hoje, o Estado resolveu dar direito aos investidores, que permitiu a constituição de dois grandes projectos e a criação de nove consórcios de gás. A constituição de consórcios foi possível com a cedência dos direitos por parte do Estado.

Segundo Paulino Jerónimo, existe um projecto para a construção de uma plataforma no Bloco 0 (zero), de modo a transportar o gás para o Angola LNG – o projecto âncora.

 Inversão do declínio

O presidente do Conselho de Administração da ANPG considerou de preocupante o declínio da produção, que será invertido com as estratégias em curso. O pico de produção de petróleo de Angola foi atingido em 2008, com 1,903 milhões de barris por dia.

Desde essa data, a produção de petróleo tem estado em declínio suave, resultando, de 2009 a 2015, a um 1,6 milhões de barris de óleo cru por dia. Actualmente verifica-se um outro declínio, mais assentado que o esperado, fixado em 1,2 milhões de barris de petróleo por dia.

Nos últimos sete anos, foi realizado um diagnóstico para se perceber as principais causas do declínio e, entre outras, identificou-se a falta de realização de exploração e o não desenvolvimento dos campos marginais como principais factores.