As primeiras projecções da segunda volta das eleições francesas realizadas, este domingo (24), até às 20 horas já davam a vitória a Emmanuel Macron sobre Marine Le Pen, com 58,2% dos votos, uma subida em relação às sondagens anteriores ao sufrágio.

Na primeira volta , Emmanuel Macron, do partido La République En Marche, venceu com 27,8% dos votos. Marine Le Pen, do Rassemblement National, obteve 23,2%, à frente dos 22% de Jean-Luc Mélenchon, o único candidato da esquerda a ter uma prestação significativa face ao desastre eleitoral do resto da esquerda, especialmente dos socialistas e de Anne Hidalgo.

Em 2017, Macron foi eleito pela primeira vez Presidente dos franceses, depois de vencer confortavelmente Marine Le Pen. No entanto, os analistas políticos têm avisado que esta é uma Le Pen diferente, mais moderada e mais afastada da génese radical do  partido fundado pelo seu pai , Jean -Marie Le Pen, mudando até o nome do partido.

Ainda assim, Emmanuel Macron criticou muitas vezes, na sua campanha, o ódio e a xenofobia patrocinados pelo Rassemblement National de Le Pen, concretamente depois da sua opositora ter proibido a en-trada de alguns jornalistas nos seus comícios. A islamofobia também foi uma constante nas políticas de Le Pen que mereceram críticas pelos  opositores.

Já a candidata da extrema-direita tem colado Macron à estagnação económica e, em particular, pela subida recente dos custos de vida, especialmente dos combustíveis, um factor que tem sido preponderante na Presidência de Macron, como em 2018, com o início do Movimento dos Coletes Amarelos. Com a vitória de ontem, Emmanuel Macron, de 44 anos, torna-se o primeiro Presidente, desde Jacques Chirac, em 2002, a ser reeleito para o Eliseu, já que Nicolas Sarkozy e François Hollande falharam o objectivo de um segundo mandato, em 2012 e 2017 respectivamente.

Macron tem agora mandato para continuar com a política europeísta e liberal que destacou o seu primeiro mandato, ao invés do euroceticismo que pediam os eleitores ainda mais à direita.

Marine Le Pen assume a derrota

Marine Le Pen, “sem ressentimento e sem rancor”, assumiu a derrota,  depois das primeiras  projecções e considerou que os seus 43 por cento dos votos representam “uma vitória esmagadora”.

Num discurso, na sua sede de campanha, no Pavilhão d’Armenonville em Paris, pouco depois de serem conhecidas as projecções, a candidata da extrema-direita considerou que os franceses que votaram nela escolheram “o campo nacional e da mudança”. “Um grande vento de liberdade poderia ter-se levantado sobre o país. A escolha das urnas, que respeito, decidiu de outra maneira”, lamentou.

Le Pen  não deixou de criticar Macron e de vincar que a situação económica em França não irá melhorar com o actual Presidente ao leme, cujo projecto acusou de ser “dividido” para o país.

“Estamos mais determinados do que nunca, e a nossa vontade de defender os franceses continua reforçada. Hoje, não tenho qualquer ressentimento nem rancor. Já fomos enterrados mil vezes e a história provou, mil vezes, que aqueles que previam ou esperavam pelo nosso desaparecimento estavam errados”, referiu a candidata.

“Os franceses exprimiram a vontade de um contrapoder forte ao poder de Emmanuel Macron”, concluiu, apontando as baterias para as legislativas, que se realizarão a 12 de Junho deste ano.  “Esta França que foi muito esquecida, nós não a esqueceremos”, afirmou.