O Ministério do Interior (MININT) pretende continuar a apostar para que as mulheres ocupem cargos de direcção, comando e chefia, observando-se sempre os princípios da competência e mérito, garantiu, ontem, em Luanda, o ministro Eugénio Laborinho.

O ministro, que falava durante o acto alusivo ao Dia Internacional das Mulheres no Ministério do Interior, destacou as qualidades do género e garantiu, também, a materialização do processo de progressão de carreiras em todos os órgãos, prestando especial atenção às mulheres que reúnem os requisitos para o efeito

“Não temos dúvidas do vosso empenho e resiliência, porém é importante que se capacitem, se superem e estejam prontas para os desafios actuais e do futuro”, destacou o ministro. 

Presente no acto, a secretária de Estado para a Família e Promoção da Mulher, Elsa Barber,  referiu que a participação das mulheres nos processos de paz e de resolução de conflitos no mundo tem registado passos tímidos, apesar dos factos mostrarem que a participação delas em mesas de negociações aumentam as probabilidades de assinaturas de acordos de paz.

Em 30 de Outubro de 2020, disse, o Conselho de Segurança das Nações Unidas adoptou a resolução 1325 sobre a Mulher, a Paz e a Segurança, que reconhece o impacto dos conflitos armados sobre as mulheres e meninas. 

Elsa Barber salientou, também, ser preocupação do Executivo trabalhar na inserção de mulheres nos referidos processos, apostando em projectos e estratégias multissectoriais, para a adopção de um novo modelo de defesa e segurança públicas. 

Segundo Elsa Barber, o índice sobre a boa governação em África mostra que o país melhorou no indicador relativo à igualdade de género, encontrando-se na 24ª posição entre 54 países avaliados. 

Reconheceu que, apesar dos progressos alcançados, os resultados continuam muito aquém das expectativas fixadas, pois a implementação das questões relacionadas à igualdade de género ainda é muito negligenciada. 

“Temos a certeza de que esta jornada nos permitirá fazer uma introspecção profunda e transversal sobre a importância e o contributo de todas as forças vivas da sociedade na luta pela efectiva igualdade entre homens e mulheres” disse.

Elsa Barber apelou ao MININT a aderir à campanha “Juntos Contra os Casamentos e Gravidezes Precoces em Angola”, aberta dia 8, assim como apoiar o projecto do Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher que visa o engajamento de homens na luta contra todas as formas de discriminação contra as mulheres. 

 Mulheres querem maior igualdade 

A consultora do ministro do Interior para os direitos humanos e promoção da mulher, Maria Major, defendeu a ne-cessidade do equilíbrio do género no Ministério, desde que comprometidas em cumprir com zelo as tarefas que lhe são propostas. 

“Constatamos, no capítulo do pessoal feminino, uma redução substancial nos cargos de direcção e chefia, fruto da reestruturação orgânica dos órgãos executivos centrais, onde as mulheres foram as mais penalizadas”, sublinhou Maria Major.

Deu a conhecer que nos cargos de direcção e chefia estão 17.083 efectivos, que totalizam 11 por cento, sendo apenas 1,4 por cento do sexo feminino, num universo de 26.815 mulheres.

“Apelamos ao ministro do Interior para que intervenha no sentido de haver um aumento de 15 por cento de mulheres nos cargos de direcção e chefia e de 20% na valorização das carreiras profissionais, para que o equilíbrio do MININT seja um facto”, disse.

Apontou, de acordo com dados estatísticos, o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros como o único organismo com maior número de mulheres em cargos de comando, muitas delas comandantes de quartéis a nível nacional.

Sublinhou o desejo de ver mais mulheres em conselhos consultivos dos órgãos executivos centrais e das delegações provinciais e demais direcções do MININT, para a existência de um maior equilíbrio na instituição. 

“Propomos a contínua formação das mulheres em diversas especialidades, com o objectivo de aumentarem a sua capacidade intelectual e profissional e melhorarem a prestação de serviços, onde quer que sejam colocadas”, destacou.