Os preços futuros do petróleo bruto atingiram, segunda-feira (7), em Londres, uma alta de 14 anos no início da manhã de comercialização, tendo o Brent, referência às exportações angolanas, se fixado num valor de 130,89 dólares, o maior valor desde 22 de Julho de 2008.

Isso ocorreu depois que as autoridades dos Estados Unidos da América (EUA) informaram o início das conver-

sações com aliados no sentido de banir as importações de petróleo da Rússia.

Em reacção do mercado, o contrato futuro ICE Brent, para entrega em Maio, foi negociado mais 9,17 dólares/bbl (7,76 por cento) acima do fecho anterior, estabilizando-se em 127,28/bbl.

A Rússia exporta petróleo para muitos países. A Europa importa o maior bolo com cerca de 2,7 milhões de barris de petróleo por dia (MBPD) de crude bruto e 1 MBPD de matérias-primas/produtos refinados. Em seguida está a Ásia, principalmente a China, com 2,3 MBPD de petróleo e produtos refinados. A terceira maior região importadora são os Estados Unidos, com 0,6 MBPD.

A Rússia está sujeita a grandes sanções financeiras internacionais, desde o início do conflito com a Ucrânia iniciado a 24 de Fevereiro, produziu em média 10,52 MBPD em 2021, o equivalente a pouco mais de 10 por cento do consumo global. Até agora, os aliados da Rússia na OPEP+, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, evitaram ser atraídos para as crescentes acções internacionais contra o Kremlin e não se ofereceram para atender às deficiências no fornecimento de crude.

Da aliança de 23 países, apenas a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos detêm alguma capacidade de produção ociosa significativa, embora ambos os países até agora não estejam dispostos a aumentar as suas quotas de produção.

No entanto, a capacidade extra de produção desses 2 países anda, consideravelmente, aquém dos 6,5 MBPD exportados diariamente pela Rússia.

As restrições à importação de petróleo russo, se implementadas, teriam efeitos muito diferentes na oferta dependendo da região e do tipo de produto (crude/refinados), mas todos os mercados terão um impacto nos preços.

Para a Europa, além do petróleo bruto, uma questão fundamental é o fornecimento de óleo diesel da Rússia. Se uma proibição fosse imposta a essas importações, a Europa poderia liberar cerca de 200 MMBBLS de diesel em “stock” estratégico para ajudar a cobrir o diferencial.

A Rússia foi a 3ª maior fonte de importações de petróleo bruto para o Reino Unido, respondendo por cerca de 11 por cento da oferta externa, e foi a 2ª maior fonte de produtos petrolíferos importados, equivalente a 16 por cento do total importado.

Para os Estados Unidos, o maior efeito pode ser para as refinarias da Costa do Golfo dos EUA, que importam matérias-primas VGO/resíduos da Rússia utilizados para produzir produtos leves, como gasolina ou diesel. A perda dessas matérias-primas levaria as refinarias a buscar outras fontes que poderiam ser desafiadoras ou mesmo processar mais petróleo bruto.