“Os Protagonista” é o título da mostra individual do artista plástico Cristiano Mangovo, patente até domingo, na Galeria de Exposições Temporárias do Pavilhão de Angola na Expo 2020 Dubai, com curadoria de Carla Peairo e vídeo de Paulo Azevedo.
Aberta ao público na última sexta-feira, nesta exposição o artista apresenta 12 obras de grandes dimensões em acrílico sobre tela, expressando situações sensíveis em que personagens importantes do quotidiano angolano e africano, como as Zungueiras e os Pequenos Génios co-habitam num espaço pictórico encorpado de cores que transmitem impacto, intensidade e destaque.
Cristiano Mangovo, artista cotado internacionalmente por prestigiosas casas de arte, tem no seu propósito, as principais questões do contexto africano e universal, como a protecção ambiental, os direitos da mulher, ou temas como o consumismo, os valores humanos, as relações sociais ou o urbanismo.
O artista plástico apresenta os jovens heróis do quotidiano, as suas habilidades e o seu dia-a-dia, a partir do momento em que nas suas vidas se sentiram obrigados a assumir a responsabilidade do auto-sustento ou a responsabilidade de elevar a condição de vida dos seus familiares, numa sociedade que está longe de lhes prestar o apoio adequado.
“Os Protagonistas” não são personagens fictícios! Existem! Dois em cada três jovens em Angola enfrentam dificuldades de inserção na sociedade. Num país que saiu recentemente da guerra civil, são inúmeras as dificuldades no sector da educação; e escassos os mecanismos de integração e acesso ao mercado de trabalho.
A falta de integração, perpetua um sistema ininterrupto, que empurra continuadamente as faixas etárias mais jovens para o mercado informal, num país que oferece poucas oportunidades, no entanto, dá abertura aos corajosos e auto-conscientes da sua luta contra a pobreza.
“O Protagonista” personifica um herói do quotidiano, que luta diariamente para arranjar trabalho e garantir remuneração regular como forma de enfrentar a fome e a pobreza. Representa simbolicamente o vencedor, o personagem que define positivamente o final de um enredo teatral ou cinematográfico. Representa, neste projecto, a consciência dos jovens que estão expostos à luta quotidiana contra a tentação das oportunidades casuais da criminalidade. Como diz o vulgo: “a escuridão atrai o ladrão”. Esses protagonistas são obviamente a fonte de inspiração desta série de pinturas que reflectem o olhar do artista.
Cristiano Mangovo nasceu em 1982 em Cabinda. Graduado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes de Kinshasa, R.D.C. Trabalhou com Mestre António Ana “Etona” e Patrício Mawete em artes plásticas e participou em vários seminários sobre a cenografia urbana e performance. Expôs individual e colectivamente em diferentes países como Angola, África do Sul, R.D.Congo, Portugal, França, Itália e Estados Unidos da América, com destaque para uma exposição individual na Fundação Arte e Cultura e no BAI Arte (Luanda), em 2013. Expôs a Colecção “Guiadores” no Memorial António Agostinho Neto em 2014 e participa na exposição “Seeds of Memory”, no Pavilhão de Angola da Expo Milão (Itália), em 2015.