Angola e a França assinaram, em Paris, um acordo no domínio da cooperação cultural entre os dois países, válido por um período de cinco anos, refere uma nota do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente.
O acordo, assinado ontem, estabelece o quadro para os dois países cooperarem nas áreas do património, criação artística, indústrias culturais e criativas e incentiva os vários intervenientes a desenvolverem programas de cooperação e intercâmbio entre especialistas e as boas práticas.
Visa, igualmente, promover o conhecimento recíproco da cultura e da história entre os países, utilizando a cultura como alavanca para atingir uma melhor qualidade de vida para os respectivos povos, tendo em conta o seu impacto no desenvolvimento socio-económico e na consolidação e fortalecimento dos laços de amizade e de compreensão mútua.
Assinaram o acordo os ministros da Cultura dos dois países, Filipe Zau e Roselyne Bachelot-Narquin, que rubricaram, também, a escritura da doação de Angola à França de duas obras-primas da escultura francesa do século XVIII, “Zephir, Flore et Amour”, de Philippe Bertrand, René Frémin e Jacques Bousseau, bem como “L’Abondance”, de Lambert Sigisbert Adam.
De acordo com a nota, a doação de Angola atesta a excelência das relações bilaterais, sendo o primeiro acto de um programa de acções de cooperação patrimonial, organizado a partir de 2022.
Às duas esculturas, encomendadas, respectivamente pelos reis Luís XIV e Luís XV, juntam-se as colecções do Museu Nacional dos Palácios de Versalhes e de Trianon e são apresentadas, desde ontem, até 5 de Junho, numa exposição intitulada “Obras-primas encontradas”.
As duas obras eram propriedades do Estado angolano, desde 1979, data em que foi adquirido o edifício da Embaixada em França, em cujo jardim se encontravam.
As esculturas foram localizadas em 2018, por um especialista de Versalhes, que desconhecia o seu paradeiro e que tinha feito um estudo aturado dos arquivos disponíveis sobre as vendas que envolviam o património do castelo e as sucessivas mudanças de proprietário, visando inventariar e fazer uma busca nos bens imóveis de todos os descendentes, na esperança de que as obras ainda se encontrassem em França.
A Embaixada de Angola receberá do Castelo de Versalhes, em Julho próximo, duas réplicas das esculturas para substituírem os originais doados à França.