O Governo russo pretende construir, em Angola, uma fábrica de fertilizantes, que vai contribuir para o desenvolvimento nacional e permitir o ingresso directo de bolseiros angolanos formados naquele país.

A intenção foi manifestada, terça-feira (1), em Luanda, pelo embaixador da Rússia em Angola, no fim de uma audiência que lhe foi concedida pelo presidente da Assembleia Nacional, Fernando da Piedade Dias dos Santos.

À imprensa, Vladimir Tararov esclareceu que o projecto está avaliado em 1,2 mil milhões de dólares. O programa do projecto, referiu, já foi elaborado, tendo as partes entrado para a fase de negociações. O diplomata russo adiantou que a fábrica vai exigir o consumo de muita energia e gás, daí a necessidade e o interesse em usar o gás local.
“O mais importante para nós é o preço desse gás. Combinamos um preço bastante aceitável para esse grande projecto, cujo espaço está, igualmente, identificado”, disse.

Numa primeira fase, explicou, os engenheiros russos vão assegurar o funcionamento da fábrica, mas para o arranque dos trabalhos, construção até à inauguração, serão seleccionadas pessoas vocacionadas para dirigir o projecto, entre os quais angolanos que terão uma formação na Rússia.

O diplomata lembrou que o Governo russo já concedeu 135 bolsas de estudo por conta própria. A fábrica poderá, também, financiar o estudo de outros jovens acima daquele número. “Essas pessoas, depois de concluírem a formação na Rússia, poderão regressar e entrar para a fábrica como engenheiros, técnicos e quadros que agregam formação nesta área”, garantiu.

“A Rússia fez muito e continua a fazer na formação de quadros. Pretendemos prosseguir com este propósito”, assegurou Vladimir Tararov, que lamentou o facto de muitos jovens se encontrarem no desemprego, depois de concluírem a formação no exterior. O projecto, sublinhou, tem como objectivo minimizar este problema.

  País europeu pretende lapidar diamantes

O embaixador da Rússia anunciou, igualmente, a intenção do seu Governo passar a lapidar localmente os diamantes extraídos em Angola.

“A Rússia compra boa parte dos diamantes em Angola e isto contribui para o seu desenvolvimento”, sublinhou Vladimir Tararov, que considerou as relações de cooperação entre os dois países de multifacetadas.

No encontro à porta fechada, o presidente da Assembleia Nacional e o embaixador russo abordaram, também, as perspectivas para o desenvolvimento do turismo em Angola. O diplomata destacou as “grandes potencialidades” para a promoção do turismo em Angola.
“Na Rússia, temos pessoas fartas de descansar na praia, comer e não fazer nada. Muitos, hoje, estão interessados no turismo da escalada de rochas, mergulhos submarinos e Angola tem todas as condições para o fazer”, notou.

Mesmo sem grandes infra-estruturas, acrescentou, o país pode dar um “passo significativo” para o desenvolvimento do turismo e atrair pessoas a participar com o seu próprio dinheiro para o efeito.

Tararov adiantou que o encontro com Fernando da Piedade Dias dos Santos serviu, igualmente, para contactos com vista à visita a Angola da presidente do Conselho da Assembleia Federal da Rússia, Valentina Matvienko.
A visita, disse, vai dar um impulso especial à “cooperação multifacetada” entre Angola e a Rússia, em particular entre os deputados.