Uma mina localizada no munícipio de Buco-Zau, na província de Cabinda, prepara-se para, nas próximas semanas, realizar uma das exportações de ouro mais significativas do país em quase meio século.

Trata-se da venda de 15 quilogramas (kg) de ouro de um depósito secundário, ocasião importante, que marca um novo capítulo para o país, avança a revista “African Business”.

De acordo com a publicação, o facto não apenas sinaliza o renascimento de uma parte antes essencial da economia do país, mas também “é um sinal do sucesso do recente impulso em direcção à diversificação económica”.

O sucesso recente de Buco-Zau, diz a revista African Business, mostra que as perspectivas para Angola vão além dos diamantes. “Essa primeira exportação é resultado apenas da exploração do depósito secundário do local, que consiste em ouro aluvial”, afirma Adriano Leal, director das Sociedades Mineiras de Buco-Zau e Lufo.

“Buco-Zau está a minerar ouro aluvial ao mesmo tempo em que pesquisa o depósito primário. Esperamos exportar mais 20 kg no primeiro trimestre de 2022, o que mostra o enorme potencial desta mina”, disse.

Angola licenciou 28 projectos de mineração de ouro, 20 dos quais já se encontram em fase de prospecção. A capacidade média de produção de cada mina é de 4,5 kg por mês de concentrado de ouro – uma quantidade significativa para o mercado.

Dados dos mercados bolsistas, no início desta semana, fixam em mais de 57 mil dólares (mais de 32 milhões de kwanzas) o preço do quilograma de ouro.

A mineradora Buco-Zau empregava, segundo dados de Agosto deste ano, 85 trabalhadores nacionais e seis expatriados.
Em relação à exploração de ouro em Cabinda, recentemente, quatro empresas nacionais receberam  contratos para  exercerem a actividade de prospecção e exploração de minas de ouro a Norte da província, designadamente a Mineração Lufu, Sociedade Mineira Buco-Zau, Mongo Mongo e Lombe Mining. Com excepção da Buco-Zau, que vive as duas fases, as outras concessões estão em fase de prospecção para posterior exploração do ouro.

A exploração de ouro é um dos mecanismos que impulsiona o processo de diversificação da actividade mineira em Angola. São projectos prioritários na estratégia do Executivo para a saída da crise económica,  diversificação das receitas fiscais e o aumento dos recursos cambiais.

Liderar nos diamantes

Como refere a African Business na peça em análise, uma parte fundamental da estratégia económica de Angola é voltar a focar no sector da mineração. Uma vez conhecida pela produção e exportação de minério de ferro, ouro, cobre e outros minerais, os investidores e o Governo estão a fazer esforços para reabrir o sector mineiro angolano.

A publicação avança entre as razões de elevado optimismo o facto de, recentemente, durante o Primeiro Congresso de Internacional de Diamantes, o Governo angolano manifestar o seu optimismo com os diamantes, tendo mesmo anunciado a intenção de tornar-se no maior produtor de diamantes do mundo em valor até ao final de 2023.

A este respeito, os dados mais recentes apontam que, em 2016, Angola foi o sexto maior produtor de diamantes a nível mundial e o terceiro em África, com uma produção anual de nove milhões de quilates.

“A oportunidade é real e existe um ímpeto significativo. Apenas 40 por cento do país foi explorado e sabemos que existem vastos depósitos minerais. Portanto, o caso de negócios é claro. O obstáculo a superar é a difícil história da mineração neste país, para convencer os investidores de que Angola, realmente, virou a página”, afirma Valdomiro Minoru Dondo.

A indústria diamantífera angolana valia, em 2019, 1,2 mil milhões de dólares, de acordo com estatísticas compiladas pelo consórcio Kimberley Process de partes interessadas da indústria, Governo e sociedade civil. Estes dados são baseados em estudos de prospecção focados nas províncias das Lundas Norte e Sul, respectivamente.

Algumas regiões de Angola têm estado fora do radar de geólogos e engenheiros que procuram depósitos com potencial suficiente para gerar investimentos greenfield. Estudos mais recentes têm mostrado que as províncias do Huambo e Bié, ao longo da cintura de Lucapa Graben, têm igual potencial em termos de reservas de diamantes e rentabilidade.